Depois de uma discussão que tinha como tema nossos sotaques, e a falta de definição deles, tomei consciência de que estava perdida. Sério. Você me ensinando um Paranaense estranho e eu te  mostrando um Piauiense de dar dó. E eu ria. E você ria. E nós riamos. Aqueles momentos sem pé nem cabeça que você acaba rindo de 5 em 5 segundos, sabe?...

Divaguei um momento, me dando conta do quanto vinhamos rindo na presença um do outro, de quanto tempo estávamos um com o outro, não consegui contar quantas vezes você tinha me pegado em seus braços naquela semana, não sabia quantas vezes tinha madrugado conversando com você... Me concentrei em você novamente, no momento, no presente, você ainda ria.

Olhei séria pra você, olhei mesmo, te encarei, "quanto tempo gastamos um com o outro essa semana?" - foi a pergunta que te fiz. Sério, eu fiz essa pergunta. Você me olhou de volta sério. Repassei todas as conversas sobre quadrinhos, filmes, livros, séries, aulas, professores, amigos, vida, passado, futuro, presente. Revivi a semana, as semanas, o mês, já faz mais de um mês? Vi nos seus olhos que pensava a mesma coisa, meditava, remoía, relembrava e sorria.
Você me olhou como se a pergunta fosse se auto-responder, mas depois viu que eu esperava uma resposta, e eu realmente esperava, eu precisava que você fosse a parte racional naquele momento. Minha razão tinha saído de fininho e deixado o sentimentalismo tomar conta da casa. Mas acho que a tua razão também foi dar uma volta. Você me deu uma resposta "Você pensa de mais." - me puxou para um abraço, para os seus braços. Calor. Que tipo de reposta foi essa? eu pensei, te olhei. Acho que você leu meus pensamentos. Não importa. Olhos castanhos me encaravam, seu sorriso me aqueceu. Derreti. E a consciência veio. Uma única palavra tomou meus pensamentos: "Sim".

É, sim, sim. Sabe quantas vezes eu posso ter a sorte de achar um cara que me faz rir e ser... Quente, como você é? Meu Deus, bem poucas. Então, sim, posso quebrar a cara? Oooh, sim. Mas quem liga? Sinto vontade de ti. Não é saudade, nem querer. É vontade. Vontade de te ver e abraçar, de te beijar e te morder, de rir e de rir, com você.